A Harvey Nash / KPMG publica há 21 anos a pesquisa CIO Survey, a maior pesquisa com líderes de TI do mundo. A versão de 2019 colheu 3.645 respostas de CIOs e executivos de tecnologia de 108 países. O relatório fornece uma visão direta sobre as prioridades, estratégias e carreiras de líderes do setor em todo o mundo e revela como está sendo gerenciado o equilíbrio entre as enormes oportunidades que as tecnologias disruptivas trazem e os riscos da segurança cibernética, privacidade de dados e regulamentação.
Neste texto, apresentamos 8 pontos importantes revelados pela pesquisa, que são de interesse de todos que atuam na área.
UMA ERA DE GRANDE MUDANÇAS
44% das organizações esperam mudar de maneira radical sua oferta de produtos e serviços ou modelo de negócios nos próximos três anos. Isso é impulsionado pela disruptura digital e pela necessidade de se aproximar do consumidor, e está acontecendo tanto com organizações menores e mais jovens, quanto com organizações maiores e mais antigas.
Uma proporção considerável está lidando com a transformação dentro dos orçamentos existentes, sem investimento extra. Como a expectativa média de vida de uma empresa está diminuindo, a transformação está sendo considerada como parte essencial do negócio, à medida que as empresas buscam permanecer competitivas no mercado.
O MAIOR CRESCIMENTO DOS ORÇAMENTOS EM 15 ANOS
Neste ano, vimos o maior aumento do investimento em tecnologia pela maior parte das organizações, em todos os anos em que a pesquisa foi realizada. Mesmo em empresas onde a ênfase está na eficiência e na economia de recursos, o investimento em tecnologia está aumentando. Seja qual for o problema, a tecnologia parece fazer parte da resposta. A força motriz por trás de grande parte desses investimentos é a segurança cibernética, análise de dados, inteligência artificial, automação e transformação.
A TECNOLOGIA NÃO PARA DE EVOLUIR
As organizações continuam a investir em tecnologias novas e emergentes. No extremo do espectro “emergente”, uma em cada vinte empresas está fazendo apostas na computação quântica.
Muito mais factível em curto prazo, a computação em nuvem tornou-se predominante, com mais de três quartos das organizações investindo nessa área e quase a metade adotando-a em larga escala. Um terço das organizações tem pelo menos uma implementação em pequena escala da Internet das coisas (IoT), plataformas sob demanda, automação robótica de processos (RPA) e inteligência artificial.
UMA EM CADA CINCO FUNÇÕES SERÁ DESEMPENHADA POR ROBÔS
Os entrevistados acreditam que cerca de 10% da força de trabalho de sua empresa será substituída em cinco anos pela inteligência artificial (IA) e pela automação, mas para um terço dos entrevistados esse número sobe para 20%. Isso demandará uma reorganização significativa das funções de toda a empresa. As organizações que não investirem em IA e automação verão com o tempo, que sua base de custos será relativamente mais alta do que seus concorrentes que investem em IA.
Mais de dois terços dos entrevistados da pesquisa acreditam que novos empregos serão criados para compensar. A IA permitirá que os funcionários se envolvam em interações mais ricas com os outros colegas e realizem trabalhos que requeiram mais capacidade intelectual. Não faltam problemas para resolver no mundo.
O AUMENTO IMPLACÁVEL NOS NÍVEIS DE CRIME CIBERNÉTICO DIMINUIRÁ?
Os gastos com tecnologia fora do departamento de TI criam oportunidades, mas abrem as portas para possíveis riscos de segurança e impacto na confiança do consumidor.
A pesquisa acompanha há muitos anos como o crime cibernético vem crescendo e como a confiança em lidar com as ameaças está diminuindo. Este ano, pela primeira vez, as ocorrências se estabilizaram e a confiança está crescendo. A tendência é muito sutil e contraria outros estudos. No entanto, a amplitude e o tamanho desta pesquisa sugerem que isso é mais do que uma “peculiaridade” nos dados e sugere que o maior investimento que estamos acompanhando em segurança cibernética pode estar funcionando.
O SURGIMENTO DA TI GERENCIADA POR NEGÓCIOS
Quase dois terços (63%) das organizações permitem investimentos em TI gerenciados pelas áreas de negócios e, aproximadamente, uma em cada dez empresas incentiva isso ativamente.
A TI gerenciada por negócios requer uma nova relação entre negócios e a área de TI, e os que conseguem harmonizar as duas áreas têm muito mais probabilidade de serem significativamente melhores do que os concorrentes por toda uma série de fatores, desde a experiência do cliente até o tempo de lançamento de produtos no mercado.
Errar nesse aspecto abre as portas para os problemas. Em 43% das organizações o CIO não está diretamente envolvido em projetos de TI gerenciados por negócios. Essas empresas são duas vezes mais propensas a ter múltiplas áreas de segurança expostas do que aquelas que interagem com a TI, 23% menos probabilidade de serem “muito ou extremamente eficazes” para construir a confiança do cliente com tecnologia e 9% mais probabilidade de ter sido alvo de um grande ataque cibernético nos últimos dois anos.
Esses riscos acontecem no momento em que a segurança cibernética alcança a maior alta de todos os tempos como prioridade da diretoria (56% contra 49% no ano passado).
UM NOVO MODELO DE LIDERANÇA DIGITAL
As organizações “líderes digitais” são os 30% de empresas que são eficazes no uso da tecnologia digital para promover sua estratégia de negócios” e, por consequência, apresentam um desempenho melhor do que seus pares em uma série de fatores.
Elas se distinguem de várias maneiras: o Conselho e o CEO priorizam a criação de valor em vez de eficiências. Por exemplo: 76% dos CEOs em organizações líderes digitais querem que seus projetos de tecnologia “façam dinheiro” em vez de “economizar dinheiro”. O líder de tecnologia / CIO tem maior probabilidade de participar da diretoria executiva e colaborar com as áreas de negócio e h um foco implacável na velocidade e na agilidade.
O CIO PREPARADO PARA A DISRUPTURA
2019 está sendo um bom ano para os executivos da tecnologia da informação. As oportunidades de emprego estão levemente em alta, os orçamentos cresceram, os salários foram aumentados. Mas, assim como a tecnologia está afetando os setores da economia, também está impactando no papel do líder em tecnologia.
Conseguir uma cadeira na diretoria executiva, por exemplo, está mais difícil. Apesar da influência do CIO permanecer intacta (66% das empresas acham a função cresceu em influência este ano, em comparação com 65% em 2018), menos CIOs agora estão na diretoria, caindo de 71% para 58% em apenas dois anos. Líderes bem-sucedidos estão se adaptando e trocando o controle pela influência e intensificando sua parceria com as áreas de negócio.
Para muitas organizações, o conceito de um departamento de TI “tradicional” é um tema ultrapassado.
Não há mais estratégia de negócios e estratégia de tecnologia, é simplesmente estratégia impulsionada pela tecnologia. A pesquisa mostra claramente que as organizações que colocam a tecnologia nas mãos das pessoas que criam valor e conseguem integrar as áreas de back office e front office estão ganhando mercado. O futuro da TI está em uma empresa conectada, bem governada e obcecada pelo cliente.
Fonte: Harvey Nash / KPMG CIO Survey 2019
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